Acabei de ler uma reportagem no site da Veja falando sobre algumas mudanças aprovadas para a FUVEST 2012 (http://veja.abril.com.br/noticia/educacao/usp-aprova-mudancas-no-vestibular-da-fuvest-2012) e algumas questões me voltaram a mente.
Lembro-me de quando estava prestando vestibular. Na verdade, como não lembrar? Ao longo dos dois primeiros anos do ensino médio ouvi com certa frequência (provavelmente maior do que a desejável para um adolescente viver uma vida equilibrada) a palavra "vestibular". No terceiro ano as coisas evoluíram e "vestibular" foi promovido de mero substantivo a verbo, adjetivo, artigo, preposição... se tornou o sinônimo universal.
Sei que nem todos os colégios são assim. Mas acredito que essa seja a visão mais difundida e aceita. É claro que muitos desejam cursar as melhores faculdades e, por esse motivo, entendo que algum tipo de seleção seja indispensável.
O grande problema é que esse acaba se tornando o foco do ensino médio: aprovar o aluno nos vestibulares mais concorridos e não fazer com que o aluno aprenda o conteúdo. Aprender é muito mais do que saber responder questões (que seguem sempre o mesmo formato). É o entendimento real (mesmo que limitado e dependente da maturidade com relação ao assunto) das motivações, aplicações e origem de tal conteúdo.
Não teremos um aprendizado real e profundo enquanto a grande preocupação for ensinar o aluno a responder questões.
Seria então o vestibular a causa de todos os problemas? Não serei inocente a ponto de pensar dessa forma, mas acredito que mudanças profundas na maneira de selecionar alunos sejam urgentes. "Decorebas" são provavelmente a maneira mais eficiente de se preparar uma grande massa de alunos para responder questões de vestibular. Como aprendemos assim, essa é a forma como acabamos enfrentando os estudos durante a vida universitária, e então problemas como esse se perpetuam.
O ENEM foi (é?) de certa forma uma tentativa frustrada de trazer essa mudança. Acho louvável pela parte da "tentativa", mas todos sabemos o quanto a palavra "frustrada" descreve muito melhor a situação toda... Sei que nos EUA e em alguns países da Europa a seleção para as universidades ocorre de forma diferente, mas não tive a oportunidade de pesquisar sobre isso mais a fundo, então prefiro não colocar minha opinião.
Finalizando, não, o vestibular não é O vilão da história. Assim como uma árvore, o problema da educação possui diversas raízes. O nosso papel é cavar fundo, tirar toda a terra que as cobre e trazê-las à luz. Só assim poderemos pensar em alguma mudança significativa.
Eis que uma raiz está à mostra. O que faremos diante disso?
Sapere aude!