O que esperar desse blog...

Depois de muitas mudanças na minha maneira de ver o mundo, comecei a refletir sobre um ponto em especial: a educação, especialmente a educação matemática. Decidi então fazer esse blog para organizar e dividir as minhas idéias, críticas e sugestões. Sapere Aude (ouse saber): esse é um grande desejo que tenho hoje para mim e para o Brasil, que um dia deixemos de ser esses Homo stultus (homem estúpido - tradução livre) para finalmente sermos verdadeiros Homo sapiens!

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Vestibular (ou, o vilão da história?)

Acabei de ler uma reportagem no site da Veja falando sobre algumas mudanças aprovadas para a FUVEST 2012 (http://veja.abril.com.br/noticia/educacao/usp-aprova-mudancas-no-vestibular-da-fuvest-2012) e algumas questões me voltaram a mente.

Lembro-me de quando estava prestando vestibular. Na verdade, como não lembrar? Ao longo dos dois primeiros anos do ensino médio ouvi com certa frequência (provavelmente maior do que a desejável para um adolescente viver uma vida equilibrada) a palavra "vestibular". No terceiro ano as coisas evoluíram e "vestibular" foi promovido de mero substantivo a verbo, adjetivo, artigo, preposição... se tornou o sinônimo universal.

Sei que nem todos os colégios são assim. Mas acredito que essa seja a visão mais difundida e aceita. É claro que muitos desejam cursar as melhores faculdades e, por esse motivo, entendo que algum tipo de seleção seja indispensável.


O grande problema é que esse acaba se tornando o foco do ensino médio: aprovar o aluno nos vestibulares mais concorridos e não fazer com que o aluno aprenda o conteúdo. Aprender é muito mais do que saber responder questões (que seguem sempre o mesmo formato). É o entendimento real (mesmo que limitado e dependente da maturidade com relação ao assunto) das motivações, aplicações e origem de tal conteúdo.

Não teremos um aprendizado real e profundo enquanto a grande preocupação for ensinar o aluno a responder questões.


Seria então o vestibular a causa de todos os problemas? Não serei inocente a ponto de pensar dessa forma, mas acredito que mudanças profundas na maneira de selecionar alunos sejam urgentes. "Decorebas" são provavelmente a maneira mais eficiente de se preparar uma grande massa de alunos para responder questões de vestibular. Como aprendemos assim, essa é a forma como acabamos enfrentando os estudos durante a vida universitária, e então problemas como esse se perpetuam.

O ENEM foi (é?) de certa forma uma tentativa frustrada de trazer essa mudança. Acho louvável pela parte da "tentativa", mas todos sabemos o quanto a palavra "frustrada" descreve muito melhor a situação toda... Sei que nos EUA e em alguns países da Europa a seleção para as universidades ocorre de forma diferente, mas não tive a oportunidade de pesquisar sobre isso mais a fundo, então prefiro não colocar minha opinião.

Finalizando, não, o vestibular não é O vilão da história. Assim como uma árvore, o problema da educação possui diversas raízes. O nosso papel é cavar fundo, tirar toda a terra que as cobre e trazê-las à luz. Só assim poderemos pensar em alguma mudança significativa.

Eis que uma raiz está à mostra. O que faremos diante disso?


Sapere aude!

3 comentários:

  1. Não, o problema não é o vestibular. Mas o sistema que vivemos dentro dela.

    Se liga neste vídeo:

    http://www.youtube.com/watch?v=xn9iGOKEC9c

    http://www.youtube.com/watch?v=kDGQYeBVjlk&feature=related

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  2. Eu curto vestibular. Principalmente quando consigo passar :]

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  3. O meu problema é o vestibular. Se as universidades fossem somente para aqueles que desejam aprender, e não aqueles que só querem tomar vantagem na busca por um emprego, não seria necessário vestibular. O vestibular impede que pessoas como eu, que não estão interessadas em um diploma, mas apenas em compreender o cosmos de forma mais refinada, ingresse em uma universidade. Se somente futuros pesquisadores e professores estudassem em universidades, talvez a minha vida não fosse uma ruína. Uma águia travestida de tartaruga?

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